Icaro Miguel ignora deficiência no olho e dá exemplo de superação

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Lutador perdeu a visão no olho direito após mãe pingar amônia por engano; problemas não o impediram de conquistar pratas no Mundial e no Pan

Texto por Guilherme Padin, do R7. Lima, Peru.

Icaro Miguel não teme obstáculos. Se aparecem, sejam como grandes adversários ou as dificuldades que tem de enfrentar, ele os derruba. Medalhista de prata em Lima 2019, o atleta mineiro não é um lutador somente do taekwondo, mas também da vida.

Aos seis anos, após voltar de um clube com os olhos irritados pelo contato com o cloro da piscina do local, passou pelo que poderia ser um enorme problema – não para ele: procurando pela água boricada, sua mãe confundiu os frascos e pingou amônia no olho direto.

Com o acidente, Icaro perdeu totalmente a visão do olho, mas recuperou 90% dela com um tratamento de quatro meses.

Icaro tinha de escolher entre dois caminhos: continuar no taekwondo mesmo com a deficiência ou aceitar o transplante de córnea, que significaria a melhora definitiva do olho, mas o fim de sua carreira – a modalidade, de tantos golpes e contatos, o colocaria no risco da perda definitiva da visão. Seguiu no esporte e não se arrepende.

Para lidar com o problema, ele adicionou à rotina um período a mais de treino. A cada noite, com a ajuda da namorada Raiany Fidélis, Icaro relata, “praticava os golpes e a esquiva com o olho bom (o esquerdo) tapado, para melhorar o tempo de reação e alcance do olho direito”.

De tanta dificuldade e persistência, a recompensa que viria era mais que merecida. Neste ano, ele vive seu auge: em maio, foi a Manchester, na Inglaterra, para ser vice-campeão do Mundial. Agora, em Lima, foi até a final e ficou com a prata.

As adversidades e dores que o atleta passou durante esse árduo caminho justificariam um discurso de consagração após as duas pratas em 2019.

Icaro Miguel faz o gesto característico em suas comemorações, cobrindo seu olho com uma medalha.
Icaro Miguel faz o gesto característico em suas comemorações, cobrindo seu olho com uma medalha.

Porém, perguntado pela reportagem do R7 se estava se sentindo satisfeito com os resultados no ano, logo após a prata no Peru, respondeu de forma negativa. “Mas estamos no caminho”, completou. A deficiência no olho direito não impede o atleta mineiro de buscar incansavelmente o sucesso. Falta de visão, na verdade, é não perceber que Icaro Miguel foi o grande vencedor em Lima 2019.

 

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