O trabalho como ferramenta para inclusão da pessoa com deficiência

TRE 719x620 - O trabalho como ferramenta para inclusão da pessoa com deficiência

 

A técnica judiciária, Samara Arten, que possui baixa visão no momento em que recebeu do TRE-SC o dispositivo de inteligencia e visão artificial OrCam MyEye como ferramenta de trabalho.
A técnica judiciária, Samara Arten, que possui baixa visão no momento em que recebeu do TRE-SC o dispositivo de inteligencia e visão artificial OrCam MyEye como ferramenta de trabalho.

O trabalho como ferramenta para inclusão: uma mudança necessária

Da pré-história até a modernidade o conceito de trabalho passou por uma série de transformações para atender o modelo de organização social no qual está inserido atualmente. O que não mudou, no entanto, foi a finalidade do trabalho como ferramenta para transformação do meio social que nos cerca. Isto é, o trabalho tem o potencial de
construção da sociedade que buscamos, principalmente quando realizado de maneira organizada e em cooperação com pessoas que objetivam o mesmo ideal.

Para a pessoa com deficiência, que muitas vezes sofre com as dificuldades de se inserir no meio social, exercer uma função, ser remunerado financeiramente por isso e ainda participar do processo de transformação social que ela almeja e faz jus, com certeza é imensurável. Atualmente, menos de 1% do grupo está empregado formalmente no país. Ao contribuir, a pessoa se sente parte de algo maior, o que fortalece o seu vínculo social e lhe proporciona bem-estar e conforto para se locomover e ocupar os espaços públicos (que tenham capacidade de atendê-la). Para tornar isso comum, é importantíssimo que a sociedade, como corpo coletivo (Estado, Empresas, Instituições e Pessoas), se organize para viabilizar o ingresso de pessoas com deficiência no campo profissional, investindo em capacitação e acessibilidade, para que eles, assim, possam se desenvolver e contribuir em sua plenitude, tornando a nossa sociedade mais justa e igualitária.

Trabalho e inclusão combinam sim!

É indiscutível a importância das contratações de profissionais com deficiência para a economia do Brasil. Além da geração de emprego, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho contribui para trazer dignidade a essas pessoas. Ao incluí-las, não estamos apenas ofertando um salário, mas também a oportunidade de se reabilitar socialmente e psicologicamente.

É sabido que o exercício profissional traz consigo a interação com outras pessoas, o sentimento de cidadão produtivo, a possibilidade de fazer amigos, de encontrar um amor, de pertencer a um grupo social. Até o status adquirido junto à própria família muda para melhor. Sem contar que a presença de pessoas com deficiência no mercado de trabalho contribui para humanizar mais a empresa e enriquecer o ambiente corporativo com visões e experiências diversificadas.

Em relação à qualificação das pessoas com deficiência, podemos afirmar que segue basicamente o mesmo padrão da população brasileira sem deficiência. Por questões de exclusão histórica, a maioria das pessoas com deficiência é pouco qualificada, mas, essa baixa qualificação também incide na população em geral. Isto não significa que não existam pessoas com deficiência qualificadas. Por exemplo: no banco de currículos da i.Social mais de 80% dos 30.000 profissionais cadastrados possuem ao menos ensino médio completo, chegando até a mestrado e doutorado.

Ou seja, o maior empecilho para a inclusão de profissionais com deficiência ainda é cultural, as relações interpessoais ainda estão muito calcadas em estereótipos e preconceitos. Além disso, as vagas que são oferecidas às pessoas com deficiência ainda são muito operacionais e pouco atrativas. Os líderes e gestores das empresas ainda não consideram incluir profissionais com deficiência em cargos mais estratégicos, pois tendem a achar que estes profissionais são menos produtivos ou geram mais custos com acessibilidade, o que não é verdade.

Questão cultural e a inclusão da pessoa com deficiência

Podemos afirmar que a questão cultural ainda é o maior desafio. A falta de acessibilidade é reflexo da falta de cultura inclusiva. Enquanto não transformarmos a mentalidade antiga de que as pessoas com deficiência são menos qualificadas, menos produtivas e que exigem muitos investimentos, não daremos um salto de qualidade no processo de inclusão. E o principal: não basta contratar. É preciso capacitar e dar ferramentas de trabalho que auxiliem nas necessidades específicas do funcionário. O processo de inclusão deve ser abraçado por todos!

 

 

 

 

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