Para muita gente, fazer uma meia maratona até ao fim é como dar uma volta ao parque. Porém, há quem veja este percurso como um verdadeiro desafio, como é o caso de Thomas Panek. O atleta foi o primeiro cego a fazer até ao fim a Meia Maratona United Airlines, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Para completar a prova, Thomas, teve a ajuda dos seus três cães: os irmãos Waffle e Westley e, ainda, Gus. Os labradores retriever foram treinados para ajudarem a cumprir este objetivo.
Os animais definiram o seu próprio ritmo, sendo que cada um correu entre três e cinco quilómetros de cada vez do percurso total de 21. Com esta ajuda, Thomas terminou a prova em pouco mais de duas horas e 20 minutos. Foi Gus, o seu cão-guia de longa data, quem o acompanhou no momento de atravessar a meta.
“A maior dificuldade é conseguir ir num passo mais acelerado, movendo-me com o cão e mantendo o trabalho dos pés ao mesmo tempo. Mas, como todos os outros, é um passo de cada vez”, explicou o atleta norte-americano em entrevista ao site da ABC News.
Ainda assim, acreditava que o esforço ia valer sempre a pena, já que o grande o objetivo da sua participação era angariar fundos para que atletas deficientes visuais pudessem requisitar os serviços de cães guia.
Estiveram veterinários e voluntários posicionados ao longo de todo o percurso para garantir a hidratação e a segurança tanto de Thomas como dos atletas de quatro patas.
O homem de 48 anos sempre esteve confiante de que, depois de todo o treino, os cães iam mantê-lo seguro. “Mal podemos esperar para participar no meio dessas multidões e partilhar a mensagem de que, mesmo com uma deficiência, realmente não há limites”, disse três dias antes da prova.
Thomas Panek é o presidente e CEO da Guiding Eyes for the Blind, uma organização sem fins lucrativos que fornece cães criados e treinados para pessoas com deficiência visual.
Antes de ficar cego (não se sabe qual foi a causa), a corrida já fazia parte da sua vida. “Corri a minha vida toda. Corri na minha equipa de cross-country no ensino médio e corri quando era um jovem adulto”, disse Panek à CBS News.
Quando perdeu a visão, há 25 anos, teve muito medo de voltar a correr. Inicialmente, para regressar aos treinos, tinha uma pessoa para lhe auxiliar, um guia humano. No entanto, não se sentia confortável a treinar dessa forma.
“Embora muitas pessoas corram em clubes de corrida, no final do dia temos a nossa própria corrida. E, quando estamos amarrados a outra pessoa, não é mais a nossa luta. A independência não está lá”, contou.
Em 2015, na Maratona de Boston, Panek encontrou Richard Hunter, um ex-marine cego que também queria voltar a correr. Por sugestão dele, alguns meses depois, Thomas criou o programa Running Guides — uma equipa de especialistas que treina um grupo de cães, principalmente labradores e pastores alemães, para percorrem longas distâncias.
Os treinadores de cães mais conceituados diziam-lhe que aqueles animais eram ensinados a manter os cegos em segurança e não a acompanhá-los em corridas de estrada. No entanto, o atleta disse sempre que “o conjunto de habilidades básicas para um cão-guia e um cão de corrida são as mesmas”.
Nos últimos três anos, o norte-americano treinou com os seus cães em parques locais, todas as semanas, na esperança de competir numa prova de longa distância oficial e mostrar que não existem limites. E conseguiu. A prova fotográfica está no Instagram oficial da organização.
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