“O afeto vem à flor da pele”, diz psicóloga que coordena o projeto com animais em unidade da Apae de Poços de Caldas.
Por Camilla Resende*, G1 Sul de Minas — Poços de Caldas
Afastar a depressão, melhorar as atividades motoras e criar vínculos mais fortes com outras pessoas. Estes são alguns dos itens da lista de benefícios que a chamada “Cão Terapia” traz aos alunos da Apae de Poços de Caldas (MG). Uma vez por mês, uma turma de adultos e idosos da instituição passa momentos recheados de risadas e carinho com os cachorros terapeutas, treinados especialmente para esta função.
A ação acontece na unidade desde 2016 e, desde então, o desenvolvimento dos alunos é algo que Rozeli Custódio, psicóloga da instituição que coordena o projeto, conta com os olhos brilhando. “Eles esperam pelos cachorros. O afeto vem à flor da pele, eles melhoraram as atividades motoras, é muito interessante”.
Para afastar a depressão
Quando as sessões de Cão Terapia foram implementadas na Apae, alunos com paralisia cerebral e autismo foram atendidos. Hoje, os adultos e idosos foram os escolhidos.
Roseli explica que, com a idade, os alunos têm menos atividades diárias e estão mais propensos a desenvolver quadros de depressão. O contato com os cães ajuda a afastar a doença.
“A diferença é nítida quando o cachorro está. É uma alegria eles poderem estar juntos, é um cuidado. É bom porque eu quero que eles se expressem, já que eles têm uma dificuldade grande de expressar afetividade. E ali, eles estão sempre falando enquanto cuidam dos cachorros”, pontua a psicóloga.
O afeto como ferramenta
A cada sessão de Cão Terapia, os alunos brincam, acariciam e alimentam os animais. O contato com os cães é capaz de beneficiar o corpo, mas é pelo afeto que as mudanças acontecem.
O projeto acontece em parceria com uma empresa de alimentos para animais de estimação, que treina os cachorros para a atividade. O representante da empresa em Poços de Caldas, Jorzimar Benhur Bresciani, conta que o objetivo é atingido quando os alunos distribuem, sem moderação, os sorrisos. E isso acontece na troca de carinho entre os alunos e os animais.
“É comprovado cientificamente que o contato com os pets libera endorfina, deixa a pessoa mais alegre, mais sociável. O animal consegue envolver a pessoa, faz com que ela fique mais feliz, a própria respiração melhora. Isso melhora também a oxigenação no cérebro, os batimentos cardíacos”, destaca Jorzimar.
Alegria para os cães
Os cachorros, responsáveis por tantos benefícios para os alunos, também saem mais felizes de casa sessão da terapia. É o que garante Eliel Cunha, adestrador dos animais.
“Os cachorros também adoram este trabalho, eles saem daqui mais calmos do que entraram”.
O adestrador explica que, quando não estão participando das sessões de terapia, os cães têm outras funções. Alguns deles participam de shows de acrobacia, por exemplo. Mesmo que agitados longe dos alunos, os cachorros sabem como se comportar antes mesmo de chegar às dependências da Apae.
Benefícios além da terapia
Além de ajudar a melhorar a qualidade de vida dos alunos, a Cão Terapia traz outros benefícios. Com a presença do adestrador em todos os encontros, os alunos aprendem os comandos para que, sozinhos, consigam fazer com que os cães os obedeçam.
“É muito interessante porque não tem alguém para dar o controle, a gente ensina eles a darem os controles. E eles sentem que, se têm autonomia com os cachorros, também podem ter com outras coisas que fazem na vida”, destaca Rozeli.
No último encontro dos alunos com os animais, que aconteceu no dia 26 de julho, os pais dos alunos foram convidados para uma reunião na unidade. Lá, eles puderam ver de perto como funcionam as sessões e as psicólogas puderam conversar sobre temas importantes.
Guardado na Memória
Uma das alunas que participa da Cão Terapia, Micheli Fernandes Gonçalves, desfruta de todos os benefícios da terapia com um sorriso contagiante no rosto e, a cada encontro, faz questão de contar aos outros das boas lembranças que tem com os animais.
Em 2018, durante o desfile de 7 de setembro, os alunos desfilaram ao lado dos animais. Micheli foi com a cadela Dara, da raça Golden, e conta orgulhosa da obediência do animal. “Estou adorando os cachorros. Quando desfilei foi a cachorra grandona, a Dara. Eu falava: ‘Vamos, junto’, ela obedeceu, uma belezinha”, relembra.
Antes que a sessão terminasse, Micheli e os colegas trocavam gargalhadas e esperavam pela próxima. Michele fez a lista do que mais gosta de fazer com os amigos de quatro patas. “Eu gosto, eu espero eles voltarem. O que mais gosto é de passar a mão neles, eu passeio, penteio, é muito gostoso”, finaliza a aluna.
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