O diretor-presidente da Ancine, Christian de Castro, e o secretário-executivo João Pinho, visitaram nesta segunda-feira (17) o gabinete da primeira-dama Michelle Bolsonaro para uma conversa sobre acessibilidade nas salas de cinema. Durante o encontro, a Ancine apresentou uma linha do tempo contendo os marcos legais que regulam a acessibilidade no audiovisual.
No encontro, a Agência apresentou um estudo sobre a aplicação da instrução normativa 128 de 2016 que exige a disponibilização de recursos de legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição e Libras em todo o parque exibidor.
Desde ontem, 15% das salas de cinema dos maiores grupos exibidores passaram a ter a obrigação de possuir equipamentos de forma a prover os recursos de acessibilidade. Em setembro, essa obrigação será de 35% das salas para os grandes grupos exibidores e 30% das salas para os pequenos exibidores. Até janeiro de 2020, 100% das salas devem ser acessíveis.
Christian contou ainda que, desde 2016, a Ancine possui uma Câmara Técnica de Acessibilidade para acompanhar a implementação da tecnologia assistiva nos cinemas brasileiros.
Para acompanhar um filme no cinema, pessoas com deficiência auditiva precisam de legendas descritivas, contendo informações sobre trilha sonora e o tom das falas dos personagens; pessoas com deficiência visual precisam da audiodescrição em que um narrador descreve as cenas que não podem ser compreendidas sem o uso da visão.
Para Paulo Romeu, consultor técnico da Organização Nacional de Cegos do Brasil e autor do Blog da Audiodescrição, a liminar concedida pela Justiça é um primeiro passo para a obrigatoriedade de legendas descritivas, audiodescrição e interpretação na lingua de sinais nos cinemas, mas o caminho ainda é longo. “O simples fato de o tema ter sido judicializado já é positivo, dará dor de cabeça à Agência Nacional do Cinema (Ancine), que terá de responder à Justiça”, afirma.
O problema, segundo ele, é a adaptação para à lingua de sinais, que seria o maior entrave para a acessibilidade. “Legenda descritiva e audiodescrição nem precisariam de mais prazo para serem implementadas. A dificuldade está na adaptação para a lingua de sinais. O temor é que a Ancine, ao expor essa dificuldade, consiga que a Justiça adie a acessibilidade para todas as modalidades e, enquanto não resolve as três, não faz nenhuma”.
Na prática, diz, dois terços da questão já poderiam estar resolvidos. “Por que a Ancine e os exibidores não resolvem o que não tem dificuldade técnica e esticam o prazo de implementação só para o que tem?”, questiona.
Mauricio Santana, vice-presidente da Associação Brasileira de Audiodescrição (Abad) e diretor da Iguale, empresa que produz conteúdo acessível, diz que a solução tecnológica para colocar a acessibilidade nos três níveis nas salas de cinema existe, mas faltam testes para comprovar a eficácia, especialmente para a Libras, que demanda tecnologia mais complicada.
Fonte: ANCINE
Blog da Audiodescrição
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